Nossa conferência sobre os B´nei Anussim/marranismo em Castelo de Vide foi um sucesso. Os próprios preletores de Portugal disseram que foi o evento com maior número de participantes já acontecido em Portugal sobre o tema Anussim. Tivemos a participação de professores e doutores em história, tanto das universidades portuguesas como brasileiras.

Nossa conferência aconteceu em dois grandes blocos: – os doutores em História da Inquisição deram à conferência aquele ressuscitar do passado judaico na nação portuguesa e também brasileira. Num segundo bloco, nós, além de mostrar algumas cenas de tortura da inquisição luso-brasileira, abordamos corajosamente os aspectos bíblicos e proféticos da restauração dos marranos.

Tivemos a participação de vários grupos como do Japão, Coréia, Alemanha, França, Suíça, Suécia, Israel, Espanha, Itália, Holanda, Finlândia, além da grande e expressiva caravana do Brasil, coordenada pelo meu filho Rosh Matheus, que gloriou o evento num total majoritário de 54 participantes.

Havia presente o presidente da Comunidade Judaica de Lisboa. A Vice-presidente da referida comunidade lançou o seu livro “Gracia Nasi” que conta a história de uma judia portuguesa do século XVI que desafiou seu próprio destino. Realmente, HaShem foi bom para conosco apesar das diversas dificuldades que antecederam nosso evento, principalmente por parte do pessoal da Câmara Municipal de Castelo de Vide que recebia um número inédito de participantes estrangeiros naquela pequena aldeia.

A Abradjin apresentou sua peça “A Estrela de ouro das Minas Gerais”, mostrada em DVD, legendada em inglês. Os calorosos aplausos conferiram o bom e nobre trabalho feito pelos membros da nossa Congregação de Belo Horizonte.

Deixamos claro que a questão Anussim merece uma atenção toda especial, principalmente por parte de Israel. Queremos que todo descendente de judeus da Inquisição tenha a liberdade de restaurar sua identidade judaica sem passar por uma conversão ao judaísmo ortodoxo.

Defendemos esta tese, pois não podemos negar nossa fé no Messias de Israel. Queremos ver os marranos livres quanto à sua crença e aqueles que crêem e são discípulos de Yeshua devem ter seus direitos preservados, bem como sua identidade judaica e no direito de regressar à terra de seus pais, Israel. Queremos viver a realidade profética desta restauração cumprida em nossas vidas e, principalmente, pelos nossos filhos que um dia habitarão seguros no Eretz Israel, como diz o profeta. Queremos ter a Palavra do Eterno sendo nossa divina instrução para esta restauração.

No momento do encerramento da conferência senti em meu espírito tomar a palavra de improviso, fazendo uma analogia com a restauração feita por Neemias e Esdras, quando o povo hebreu regressava do exílio de 70 anos pela Babilônia e Pérsia. Para mim, o melhor momento da conferência foi esse, quando os presentes crentes em Yeshua procedentes de várias nações entenderam em suas próprias línguas todo o significado profético daquele evento. Lembrei-me do dia de Pentecostes quando várias nações tiveram uma revelação inédita do cumprimento profético e do plano divino da salvação ali em Jerusalém há dois mil anos.

Abaixo, listo os principais pontos mencionados por Neemias frente a um povo que havia perdido grande parte da sua identidade,quando viveram em exílio num mundo adverso à sua cultura, crença e tradição.

Analogamente, podemos considerá-las nas devidas proporções para os dias de hoje:

  1. Nós também estamos na diáspora, longe de Israel, vendo Jerusalém atacada por inimigos, enquanto uma grande maioria de judeus estão alheios aos princípios da Torá (Ne 1:7);
  2. Neemias pediu ao povo para orar e colocar a situação da restauração nas mãos do Senhor (Ne 1: 5-10);
  3. O povo deveria informar sobre sua própria genealogia (Ne 7:5-6);
  4. Esdras lê a Tora para o povo e os relembra sobre os mandamentos dados por D´us para o Seu povo escolhido (Ne 8:1-9; 10);
  5. Eles começaram a restaurar suas tradições tais como a celebração das festas, entre elas, a Festa de Tabernáculos (Ne 8:13-18);
    (Os marranos do Brasil também estão restaurando as festas, a língua hebraica, o estudo da Torá, tradições e costumes de seus ancestrais judeus);
  6. Eles oraram, jejuaram e confessaram seus pecados e de seus pais e ancestrais (Ne 9:1-6). A partir do verso
  7. podemos ver que eles relembraram toda a sua historia desde o tempo de Abraão. Relembrar a história é importante, pois isto conecta o povo com sua origem, com seus ideais e propósitos.
  8. Os Levitas oraram exaltando a D´us pela misericórdia e poder para que eles pudessem retornar e guardar os mandamentos. Os sacerdotes tiveram um papel importante nesse processo de restauração (Ne 9:30-32). Nós também deveríamos fazer o mesmo e os rabinos de hoje também;
  9. No capítulo 10 eles assinaram o Livro e selaram a aliança com D´us, pois quando estavam no exílio, eles não guardaram os mandamentos e tradições do Senhor;
  10. Eles reconstruíram os muros em volta da cidade e consagraram ao Senhor. Hoje nós também estamos reconstruindo os muros quebrados pela inquisição, pelo holocausto, pelos Pogroms e Intifada, também estamos quebrando os muros do paganismo e da filosofia mundana nas quais nosso povo está embebido;
  11. Proíbe o casamento com mulheres estrangeiras (Ne 13: 23-31) e inicia-se o processo de restauração do povo disperso de Israel. Hoje, nós estamos abençoando nossos filhos e netos, formando a Geração da Torá, para que entendam este princípio;
  12. Os gentios crentes chamados por D’us já estão sendo chamados para auxiliar neste processo de restauração e salvação do povo judeu e de Israel.Isto aconteceu no tempo do Profeta Isaías, quando ele disse que: …”Pois o Senhor compadecerá de Jacó, e ainda escolhera a Israel e os porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros, e se apegarão à casa de Jacó. E os povos (goim) os receberão e os levarão aos seus lugares; e a casa de Israel os possuirá por servos e por servas, na terra do Senhor e cativarão aqueles que os cativaram e dominarão os seus opressores.”( Is14:1-2).

Este texto é atualíssimo e, estamos no momento, vendo isto acontecer, gentios crentes ajudando o povo judeu na sua própria restauração da sua identidade e da sua terra.

Enfim, de súbito conclamei a todos que nossa próxima conferência seja em Jerusalém, Israel. Rabino Joseph Shulam que estava ao meu lado sentado à mesa diretora concordou prontamente, apontando uma data: 2012!

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