Um passado não judaico compromete um Báal T’Shuvá como judeu em potencial?
INTRODUÇÃO: É de conhecimento de todos os que têm contato com a Tradição Judaica, mesmo que seja rudimentarmente, a questão da T’shuvá que significa “Retorno [para D’us]” ou “Arrependimento”. A mesma é, indubitavelmente, fundamental na fé judaica. Quando pecamos temos diante de nós, todos os meios de T’shuvá, e isso desde a singela resolução de deixar determinado rumo de mau comportamento à luta pela renovação e restauração da comunhão com D’us. Este é o entendimento mais comum de T’shuvá.
Porém, durante a geração anterior, apareceu no cenário – com expressividade notória – um novo tipo de T’shuvá distinto do contexto explicado logo acima, que é o de alguém criado completamente fora da observância da fé judaica, para quem obviamente, as mitzvót(mandamentos) da Torá são estranhos, posto que (além doutros fatores) não tinha contato, ao menos, a partir da mais tenra idade com as mesmas. Na verdade, este tipo de T’shuvá não uma experiência somente da geração passada. Quem conhece nem que seja um pouco de história dos B’nêi Anussím [Descendentes dos Forçados lit.] – os Marranos e Cristãos-Novos provenientes da Península Ibérica para outras partes do mundo (1492 com a expulsão dos judeus espanhóis que depois se refugiaram a princípio em Portugal, e 1497 com a expulsão de Portugal com a condição de permanência sob conversão ao Cristianismo) sabe que nos períodos de relativa paz, vários Marranos e Cristãos-Novos faziam T’shuvá à fé judaica independentemente da cadeia de geração interrompida por causa das camadas de assimilação geralmente em função da conversão ao Cristianismo para salvar a vida das chamas inquisitoriais, e preservar, dessa forma, a posteridade.
Veremos a seguir de quem se trata:
O BÁAL T’SHUVÁ – O REPARADOR DE UM PASSADO ATÉ MESMO LONGÍQUO
Pela epígrafe acima, já se notou quem é o tipo de pessoa que vivencia o novo tipo de T’shuvá descrito anteriormente: Trata-se do Báal T’shuvá (Lit. Mestre do Retorno – plural – Baalêi T’shuvá) – um judeu que retorna para a fé judaica. Como a condição de um judeu ser criado fora do Judaísmo, independentemente da cadeia de dór hamishpachá – geração da família, remonta até mesmo à Galút (Exílio) das 10 tribos pelos assírios, e como sempre houve retorno à fé judaica ao longo das gerações, fica por demais óbvio que este tipo fenomenal de T’shuvá é antigo, conquanto tenha atingido um ápice considerável na geração passada em paralelo com os tantos casos de Retorno empreendido pelos Marranos e Cristãos-Novos nos períodos de relativa paz, quando as “mãos da inquisição estavam com suas unhas afiadas cortadas”, ou seja, sem poder de ação.
Antes de dar prosseguimento, vale salientar que o Báal T’shuvá não deve ser confundido com o guêr que é o prosélito, noutras palavras, um não-judeu que se converte ao Judaísmo. Portanto, independentemente, de sua situação, o Báal T’shuvá é um judeu em potencial; somente distingui-se dos demais judeus, pelo fato de estar retornando para fé judaica de uma forma muito especial. Veremos mais acuradamente isto depois de alguns dos próximos parágrafos.
A expressão talmúdica ou haláchica que se adequa melhor à fenomenal forma referida é vista no Masséchet Shabat (Tratado Shabat) 68 a-b, dos sábios amoraítas Rav e Sh’muel (por volta de 250 d.e.c): “UMA CRIANÇA CRIADA ENTRE OS GENTIOS [QUE NÃO TEVE A OPORTUNIDADE DE SE INFORMAR A RESPEITO DE SUAS RESPONSABILIDADES JUDIAS]”. Nas palavras de Isaac Oróbio (antes um criptojudeu), um judeu, nascido e educado entre os gentios.
Na concepção do Rabino Adin Even Israel: “São como cativos, escravos espirituais, entre os gentios, sejam estes últimos verdadeiros não-judeus que pensam, falam e se comportam como não-judeus (Até mesmo na sociedade israelita há muitas pessoas que pensam que são judeus, mas cujo modo de vida e aparência não podem ser diferenciados, com exceção da linguagem e da localização, dos das outras pessoas.).
Vale ressaltar, que a T’shuvá à fé judaica por parte da criança criada entre os gentios, é sob vários aspectos, inclusive segundo a Halachá, essencialmente distinto da T’shuvá como a conhecemos à luz da literatura tradicional a respeito. Mas, por quê? Porque é um retorno com significação mais e muito profunda da pessoa para o seu povo, às suas devidas origens, ao cadinho em que foi formado, retornando historicamente para D’us.
Portanto, trata-se de uma T’shuvá “para o seu lar”. São patentes e impactuantes as palavras do Rabino Adin Even Israel a respeito: “Mas quanto maior e mais poderoso é o ato de uma pessoa que retorna a um lar que nunca conheceu!”. Como esta T’shuvá é intimamente qualitativa, denota o retorno à qualidade de ser judeu.
Mas, será que este tipo de T’shuvá tem algum sentido de ser? De que fins ele está imbuído? Deixemos que as palavras de Yeshaiáhu (Isaiás) 58:12 ressoem simbolicamente tal qual o toque do Shofar: “Os teus filhos [descendentes] edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável”.
É notável a descrição que o profeta faz! O contexto da passagem menciona o fato de que nossos antepassados nesse período estavam observando determinadas práticas referentes ao tsôm (jejum), porém, esquecendo-se da Tzedacá (Justiça Social), fazendo contendas, rixas e ferir com punho iníquo (Isaías 58:4 e 7). Em seguida, o Eterno diz como é que deve ser feito o devido jejum (Isaías 58:6, 7) com as conseqüentes promessas (Isaías 58:8-12). Uma delas é do texto que mencionei acima. A visão profética de Isaías vai longe, indo ao encontro até mesmo das gerações futuras que tomariam a responsabilidade de edificar AS ANTIGAS RUÍNAS!
Portanto, é exatamente isto que faz o Báal T’shuvá ou criança criada entre os gentios, seja o mesmo proveniente de famílias de marranos ou cristãos-novos, neste contexto, com váriasdorót (gerações) de afastamento familiar. Suas funções são claras à luz do texto de Isaías:
1ª. Edificar as antigas ruínas [que começaram a partir da assimilação e miscigenação];
2ª. Erguer os fundamentos de várias gerações [no caso das mishpachót (famílias) que tem mais de três gerações de afastamento];
3ª Ser chamado de Reparador das brechas [ao fazer a reparação das brechas ou buracos deixados pela assimilação, etc.];
E Restaurador de caminhos [as pegadas dos seus antepassados… Isto é emocionante no caso dos marranos e cristãos-novos].
Isso tudo nos remete à questão final deste comentário: O relacionamento do Báal T’shuvá com seu passado: será que tem alguma importância ou o mesmo compromete sua qualidade judaica pelo fato de nunca jamais haver sido criado e educado no pensamento e fé judaicos?
O BÁAL T’SHUVÁ – SUA RELAÇÃO COM SEU PASSADO
O retorno do Báal T’shuvá ou criança capturada entre os gentios, em certo ponto de seu novo caminho “de volta para casa” (fé e tradições judaicas), inclui a ruptura com laços do passado não judaico que vivenciou. Agora, passa a vivenciar um processo de reconstrução e retificação de sua vida judaica.
Mas, pergunto: Diante do fato do Báal T’shuvá não haver sido criado como judeu nas Tradições, e, por conseguinte, não pensar e agir como judeu compromete sua judaicidade, de modo que deva ao mesmo tempo ser judeu, e não ser? Será que seu passado terá esse poder?
Vamos utilizar um exemplo de uma pessoa cristã. Ela o foi por muito tempo de sua vida (até mesmo criada no Evangelho), sendo extremamente educada na fé dentro do Cristianismo e, por conseqüência, cresceu dessa maneira. Passados vários anos ou algum tempo de sua vida na Igreja com convívio essencialmente cristão (não judaico), essa pessoa descobre que sua família paterna e materna é de proveniência marrana e cristã-nova constatando fragmentos de costumes e tradições judaicos em sua família. Até esse momento da descoberta, ela vivia como uma boa cristã, freqüentando a Igreja aos domingos na Escola Dominical (Igreja Protestante ou Evangélica) ou na Missa (Igreja Católica).
Contudo, sente um chamado divino para “retornar para o lar” abandonado há gerações. Então, passa a ser um Báal T’shuvá (no nosso caso, trata-se do retorno à fé judaica tendo Yeshua [Jesus] como o Messias). Só porquê o passado dessa pessoa não haja sido de criação judaica, isto a desqualificaria como “judia messiânica” (crente em Yeshua) por um lado? Ah, mas a manteria por outro? Não!
Essa visão se assemelha ao ocorrido com Sh’lomo hamélech (rei Salomão) em que uma criança lhe foi apresentada e “duas mães” estavam disputando de quem era o menino. Salomão não disse que, POR UM LADO, uma era mãe, porque até então poderia haver cuidado do menino, e que, POR OUTRO LADO, a outra era mãe, só pelo fato de asseverar que o menino havia nascido dela de fato. Bom, sabemos que Salomão não encontrando um denominador comum entre as DUAS MÃES da criança, disse que a cortaria em DUAS PARTES, sendo que uma ficaria para uma mãe, e a outra parte para a “segunda mãe”. Se isso sucedesse, ao perguntarem a criança, quem era a mãe da mesma, ela diria que minha mãe são duas, tendo conseqüentemente DUAS PERSONALIDADES, UMA ADVINDA DE UMA MÃE, AO PASSO QUE A OUTRA, DA SEGUNDA. Sabemos pela Tanách (Antigo Testamento) que a criança TEVE UM RETORNO FELIZ para sua mãe geneticamente legítima. Se estava com a outra, ROMPEU SEU CONVÍVIO com ela para REGRESSAR PARA SEU LAR POR HERANÇA E DIREITO mesmo diante das “pretensiosas alegações” ditas inversamente a seu respeito.
Portanto, aquela pessoa que deixa sua vida cristã para ter uma vida judaico-messiânica (em Yeshua) é um judeu em potencial QUE FOI CRIADO EM UM LAR (QUE NÃO ERA O SEU NO QUE TANGE À SUA ORIGEM E POVO), MAS QUE PASSA A RETORNAR PARA SEU LAR DE HERANÇA ANCESTRAL E DIREITO LEGÍTIMO.
Não significa, contudo, que como se diz por aí, SÓ A PARTIR DA 3ª GERAÇÃO É QUE [O MARRANO OU CRISTÃO-NOVO, ETC.] SERÁ DEFINITIVAMENTE JUDIA.
Se isto fosse aplicado, teria de sê-lo a não-judeus. Está questão de 3ª geração eu a conheço muito bem. A mesma é encontrada no Talmud – Tratado Bava Metzia. No ofício diário de Shacharít (Oração Matutina) faz-se a seguinte prece:
“Baruch Ata Adonai, Elohêinu, Mélech Haolam, ashér kidshánu bemitzvotav, vetzivánu laasoc beDivrêi Torá. Vehaárev na Adonai, Elohêinu et Divrêi Torat’chá befínu uv’fi am’chá Beit Israel, VENIHIÊ ANÁCHNU VETZEETZAÊINU, VETZEETZAÊI TZEETZAÊINU, VETZEETZAEI AM’CHÁ BEIT ISRAEL culánu iodei Sh’mêcha velom’dêi Toratêcha lishmá. Barúch Ata Adonai, Hamelamed Torá leamó Israel. AS PARTES EM CAIXA ALTA SÃO PARA ÊNFASE.
Bendito sejas Tu, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificaste com os Teus mandamentos e nos ordenastes ocupar-se com as Palavras da Torá. Rogamos-Te, ó Eterno, nosso D-us, que tornes agradáveis em nossos lábios as Palavras da Tua Torá e na boca do Teu povo, a Casa de Israel. E SEJAMOS NÓS, NOSSOS DESCENDENTES, E OS DESCENDENTES DOS NOSSOS DESCENDENTES, todos conhecedores do Teu Nome e estudantes da Tua Torá pelo Seu valor. Bendito sejas Tu, Eterno, que ensinas a Torá ao Teu povo Israel.
Pois bem, o Talmud – Tratado Bava Metzia 85 – diz explicando a parte da prece (E SEJAMOS NÓS, NOSSOS DESCENDENTES, E OS DESCENDENTES DOS NOSSOS DESCENDENTES) que quando, numa família, há três gerações seguidas conhecedoras da Lei (Torá), esta jamais ficará interrompida durante todas as gerações desta família; é por esta razão que o pedido (da prece acima) foi estabelecido para três gerações. Noutras palavras, se TRÊS GERAÇÕES MANTIVEREM O ESTUDO E OBSERVÂNCIA DA TORÁ, AS PRÓXIMAS SERÃO ESTÁVEIS OU FIRMES. É isto que conheço de Talmud que diz respeito à questão de 3ª geração. A 3ª é fundamental dentro da cadeia de manutenção da fé judaica para fins de estabilidade da mesma cadeia das gerações seguintes.
Se a expressão SÓ A PARTIR DA 3ª GERAÇÃO É QUE SERÁ DEFINITIVAMENTE JUDIA existe nas palavras dos nossos sábios, desejo saber o escrito, pois o que encontrei até o momento, depois de muitas leituras e estudos talmúdico-midráshicos, foi a explicação do Tratado Bava Metzia 85.
Sei de grupos de judeus que procuram não aceitar, por exemplo, a idéia de que pessoas provenientes de famílias de origem marrana e cristã-nova sejam admitidas como judias, ao passo que tenho amigos que entendem esta questão de maneira aceitável. Vivemos em dias de muito “MONOPÓLIO HALÁCHICO” por parte dalguns que tratam os marranos e cristãos-novos como SIMPLES HISTÓRIA, MAS QUE FICARAM NA HISTÓRIA, E ASSIM, ELES AGEM COMO OS CRISTÃOS QUE LIDAM COM “O ANTIGO TESTAMENTO” SOB O MESMO PRISMA!
Vale salientar, que quando a pessoa (proveniente de família como frisei logo acima) se torna um Báal T’shuvá, ela não mais é tanto nominalmente, quanto na prática ou vivência cotidiana, um marrano oucristão-novo, ou seja, não mais é identificada com um nominativo que expresse sua condição judaica e afastamento de sua fé de herança e direito. Sob o contexto mencionado anteriormente, portanto, essa pessoa é um judeu s’faradí que está retornando historica e profeticamente para seu povo, sua fonte primordial.
Há algum tempo, um certo Báal T’shuvá advindo de família marrana, disse que um amigo judeu lhe disse: “vocês marranos manterão a chama do judaísmo acesa (…)”. Realmente, as palavras do profeta Isaías (58:12) se aplicam neste contexto. É, vejamos como é que é quadro atual: só em Éretz Israel (a Terra de Israel) o número de seculares é mais que o de religiosos…
Agora, quanto tempo transcorrerá desde que a pessoa se torna Báal T’shuvá até como expressa o Rabino Adin Even Israel “ficar pronta – para reconstruir sobre as ruínas, depende da rapidez com que ela possa atingir um senso de segurança em sua nova identidade, e com que prontidão ela poderá incorporar o estilo de vida judaico na sua personaespiritual”. Pode ser que demore como a lenta recuperação de uma cirurgia dificultosa e dolorosa exigente de tempo. Todavia, a mesma terá um processo final.
Não obstante, vale ressaltar, que (no que concerne ao seu passado), as qualidades fundamentais, os dotes e mesmo a forma de pensar e conhecimentos adquiridos (por exemplo, aprendidos e apreendidos no Cristianismo), isso a acompanha por quaisquer locais aonde for, ou seja, pelo resto de sua vida (conforme atesta o referido Rabino).
Entretanto, vejamos o seguinte Cal Vachômer (do argumento menor para o maior para conclusão) do Rabino Adin Even Israel a respeito do Báal T’shuváem se tratando de como o mesmo deve compreender e ver seu passado:
“O prosélito [gentio convertido ao Judaísmo], mesmo sendo considerado do ponto de vista haláchico como uma criança recém-nascida, em vários aspectos, traz muita coisa à sua vida, tanto material quanto espiritualmente, que adquiriu previamente, e, no entanto, não se exige dele que jogue tudo fora e comece de novo. Tanto mais, o báal teshuvá precisa compreender construtivamente o seu passado, reavaliá-lo e aprender a vê-lo sob a luz adequada. Ninguém deve superestimar o que aconteceu antes, MAS TAMBÉM NÃO DEVE SUBESTIMÁ-LO. Melhor, ver o passado e o seu legado com clareza e exatidão é parte essencial da retificação e do perdão. (…) A VIDA EM SI MESMA, INCLUSIVE O PASSADO E O PRESENTE, DEVERÁ SER VISTA COMO UM TODO ÚNICO”.
(Teshuvá, Ed. Maayanot, págs. 86 e 87). Grifo e maiúsculas são meus.
O Zohar chega a ponto de dizer que os Baalêi T’shuvá são atraídos por D’us com maior força! Pensemos nos frutos destes judeus que voltam para casa, uma casa que não conheciam e crendo em Yeshua, o Messias! Lembrem-se do que disse o Rabino Adin: “Mas quanto maior e mais poderoso é o ato de uma pessoa que retorna a um lar que nunca conheceu!”. Não se trata, contudo, de querer ser “super jew” (muito judeu) mais que os outros.
Portanto, um passado de criação no Cristianismo não permite que umbáal t’shuvá seja judeu POR UM LADO, e não o seja POR OUTRO. Se isso assim fosse possível, Karl Max e tantos outros deveriam ser denominados dessa forma. Expus o que diz o próprio Judaísmo a respeito disso.
O referido Rabino também disse: “A cadeia de transmissões de geração para geração foi, no caso da sua família [do báal t’shuvá], quebrada em algum ponto, e é ele quem precisa retomá-la”. (Idem, pág. 89).
Termino este artigo com outras palavras do profeta Isaías: “Edificarão os lugares antigamente assolados, restaurarão os de antes destruídos e renovarão as cidades arruinadas, destruídas de geração em geração (…). A sua posteridade será conhecida entre as nações, os seus descendentes, no meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como família bendita do Eterno”(Isaías 61:5 e 9). Barúch Hashem uMeshichó Yeshua! (Bendito seja D’us e Seu Messias Yeshua!).
Ke los baalêi t’shuvá s’faradím sean bendichos en su T’shuvá para “los kaminos de Sefarad”.